São expressões tipicamente paraibanas, ou de Campina Grande. Não sei até onde se estendem pelo resto do Nordeste. Mostram o grau de inventividade da nossa linguagem diária, uma linguagem de imagens fortes, sem preocupação de verossimilhança mas com impacto imediato.
“Se fosse uma cobra, tinha me mordido!”. Usa-se quando se está procurando algum objeto e então se percebe que ele estava bem próximo, ao alcance da mão.
“Isto aqui tem dois “v”: vai e volta”. Advertência muito comum ao se emprestar um objeto qualquer, deixando claro que é para ser devolvido.
“Rouba até pano de pereba”. Diz-se do ladrão compulsivo, ou completamente sem escrúpulos. “Olha, você tenha cuidado quando andar aqui na vizinhança, porque esse pessoal daqui rouba até pano de pereba.” “Pano de pereba” é aquele pano com que os mendigos envolvem e protegem as feridas que têm no corpo: ou seja, a última coisa que a alguém ocorreria roubar.
“Felicidade que...” Equivale, precisamente, a: “Ainda bem que...”, “felizmente que...”, e deve ser uma forma abreviada de algo como “A felicidade [=sorte] dele foi que...” Ex.: “Vocês souberam? O carro de Fulano capotou ontem na estrada. Felicidade que vinha outro carro atrás, e as pessoas socorreram eles.” “Houve um começo de incêndio no armazém, ontem de noite. Felicidade que um vizinho viu a fumaça e telefonou pros bombeiros.” Há uma variante mais próxima da linguagem comum: “Por felicidade, eles tinham levado as coisas de valor para outro lugar, os ladrões só levaram umas bobagens.”
“O remédio de um doido é outro na porta”. Quando alguém começa a se portar de maneira extravagante, a melhor maneira de lidar com ele é usando a mesma tática.