Tempos atrás eu estava trocando idéias com minha editora Sandra Abrano, da Bandeirola, e ela falou de sua vontade de publicar textos de não-ficção: artigos, ensaios, crítica, etc. Me perguntou (retoricamente) se eu "por acaso não teria algum material". Me toquei que nunca fiz uma coletânea dos muitos artigos que já publiquei sobre FC e literatura fantástica, artigos hoje inacessíveis, porque saíram nos fanzines de meus companheiros de trincheira intergaláctica: o Somnium, o Megalon, o Hiperespaço, o Universo Fantástico, o Borduna e Feitiçaria...
No meu livro, reuni textos publicados em jornais,
revistas, fanzines, websaites, bem como prefácios e apresentações de livros
alheios. Além dos fanzines, há textos saídos no Jornal do Brasil (RJ), Jornal
da Tarde (SP) e outros.
Aproveitei para colocar artigos variados, tentando não me
limitar à ficção científica.
Falo de poesia, por exemplo, no texto “A visão cósmica em
Drummond e Augusto dos Anjos” (Jornal da
Tarde, 1998). Sugiro ao leitor que leia, em sequência os poemas “As Cismas
do Destino” de Augusto e “A Máquina do Mundo” de Drummond, para ver suas
semelhanças estruturais e filosóficas, como se o texto do poeta mineiro fosse
uma “resposta” ao de Augusto.
Falo da cultura popular nordestina, a literatura de
cordel e a literatura oral que brota em torno dela; e da ciência popular
preservada em obras como o Lunário
Perpétuo, o clássico almanaque astronômico e astrológico do interior
nordestino. Falo nisso a propósito de que? A propósito de um dos meus
personagens favoritos, o cantador de viola John The Balladeer, cujo universo
descrevo no texto “A folk fantasy de Manly Wade Wellman” (Megalon, 1999).
Coletâneas como esta são de interesse de um público reduzido, talvez, público de algumas centenas de pessoas. O fato de termos hoje a opção do financiamento coletivo torna possível uma primeira tiragem de livros pré-vendidos, que serve como impulso inicial para que o livro se torne conhecido e procurado. É diferente de quando a editora imprimia 1.000 ou 2.000 exemplares, guardava num galpão na Zona Oeste, e ficava esperando que alguém tivesse interesse.
George é psicanalista, mestre e doutorando em Teoria
Literária e Literatura Comparada pela USP. Eu e ele somos os “premiados” com a
chance de inaugurar uma série de ensaios que a Bandeirola já está encomendando
ou negociando com pesquisadores da FC e literatura fantástica.
Aqui, o link com mais detalhes sobre os livros, e as
diversas opções de apoio:
catarse.me/insolita