(ilustração: Eleonore Weil)
O Homem Sem Cabeça de Badrajupur, na Índia, é uma entidade misteriosa que aparece nas festas e peregrinações populares. É visto seguindo os cortejos, movimentando-se como uma pessoa normal, mas sua cabeça é cortada à altura do pescoço. As pessoas que o tocam são percorridas por uma espécie de choque elétrico suave e têm a sensação de que sua própria cabeça está começando a desaparecer. Ele se aproveita disto para dançar numa clareira da multidão.
Os Ladrões da Lua. Num povoado do Chile é hábito das famílias sentarem na rua nas noites de lua cheia e inventarem histórias que se passam nessa lua sobre suas cabeças. Inventaram a história de um povoado na lua, assaltado por bandidos perigosos. Inventavam cada ladrão mais perigoso do que o outro. Preocupavam-se tanto com as famílias da lua que deixavam suas portas e janelas mal trancadas, para bom proveito dos meliantes de cá.
O Tonel Rolante do Sêrro (MG). Em noites muito silenciosas ouve-se pelas ruas da cidade o ruído de um tonel de metal, oco, sendo empurrado por cima das pedras do calçamento, às vezes descendo uma ladeira com um clangor infernal, às vezes escalando os paralelepípedos devagar e sempre, como que empurrado por mãos vigorosas. Abrem-se as janelas e ninguém vê nada. Fantasma auditivo.
O Brinquedo do Miúdo é um episódio misterioso que se dá em Coimbra e no Algarve. Um miúdo (um menino) aborda um transeunte numa rua escura e pede que devolva o seu brinquedo, que (segundo ele) a pessoa traz no bolso. Em todos os relatos a pessoa mete a mão no bolso e de fato tira de lá o objeto que o menino lhe pedira: uma gaita, um par de óculos, um confeito, um versinho manuscrito, uma bola de gude, um isqueiro, um soco-inglês... E todas as vezes a criança recebe, agradece e some para sempre.
O Carro Que Não Pega. Uma lenda frequente na Ucrânia, na Rússia, na Letônia, e, curiosamente, também no Estado de Sergipe. Um carro fantasma acorda de repente uma vizinhança inteira, com aquele ruído insano, engasgado, de uma ignição que não pega de jeito nenhum, sendo coagida por uma pessoa que não vai desistir com facilidade. Um engasgo torturante, que até parece vai redundar numa explosão, mas não, fica só taxiando. Para quem dirige, é o mesmo que injetar querosene na veia.