(Ilustração: Maira Kalman)
Mauro Paranhos, 53 anos, radialista, de Viçosa (MG), deu descarga após usar a privada, e ao puxar as calças para cima o celular caiu do bolso dentro da água da privada; ele mergulhou a mão para pegá-lo de volta mas nesse instante o celular tocou, transmitindo-lhe um choque elétrico, ou pelo menos a ilusão vibratória de um choque, e provocando em Mauro o primeiro dos seus enfartes.
Walkyria Weiss, 33 anos, psicóloga, de Dusseldorf (Alemanha), estava conversando num bar com amigos quando bateu com o cotovelo derrubando uma garrafa, e ao pular para segurá-la esbarrou num garçom que passava com a bandeja cheia, fazendo-o cair sobre a mesa vizinha e emporcalhar alguns senhores já impacientes com a demora e que agrediram o rapaz, imediatamente defendido com ardor pelos colegas na verdadeira-batalha-campal a que a imprensa se referiu.
Antonio Calcedo de Souza, 24 anos, estudante, de Bananeiras (PB), parou o carro às pressas diante da casa dos pais para ir pegar um trabalho que tinha esquecido, não puxou direito o freio de mão, e o carro desceu aos trambolhões a ladeira onde eles moravam, indo emborcar um caminhão de frutas que espalhou três mil laranjas na pracinha lá embaixo.
Antero José Cargoletto, 61 anos, contabilista, de Punta del Este (Uruguai), saiu de casa e deixou aberta a janela do escritório, por onde entrou com-tudo o rápido temporal que se abateu sobre a cidade nessa tarde, alagando o aposento até entrar em contato com o no-break ligado, o que causou circuito, incêndio, e pulverização total da casa de Antero, que até hoje não contabilizou os prejuízos.
Núbia Botelho dos Santos, 32 anos, empresária, de Feira de Santana (BA), pôs em cima do teto do carro o bebê-conforto com seu primogênito Lucas, de 1 ano, enquanto empilhava no banco da frente as numerosas sacolas de produtos que ia levar para uma exposição, tão atrasada que bateu a porta, rodeou o carro, ligou a ignição e disparou de rua afora, episódio que o próprio Lucas conta até hoje, às gargalhadas.