As Ruritânias são aqueles países imaginários em que muitos escritores gostam de ambientar seus livros sem a obrigação de verossimilhança, exatidão, pesquisa, etc., que seria exigida por uma ambientação num país de verdade como Hungria ou Romênia. Quem propôs essa nação fictícia foi Anthony Hope numa série de romances de aventuras iniciada com O Prisioneiro de Zenda (1894), uma clássica história do cara que é sósia de um príncipe, serve de dublê e substituto para ele, e acaba sendo confundido de verdade com ele. (É uma história já filmada várias vezes, inclusive com Peter Sellers em vários papéis.) A Ruritânia é um país vagamente situado entre a República Tcheca e a Alemanha, e suas histórias transcorrem entre o fim do século 19 e as primeiras décadas do 20.
O cinema nos deu um exemplo recente com Zubrowka, país imaginário do filme O Grande Hotel Budapeste de Wes Anderson. Ali está todo o clima ruritano: os hotéis de luxos cheios de aristocratas, políticos, militares; as intrigas e conspirações de gabinete; a ameaça permanente da guerra, numa Europa Central sempre inquieta e belicosa.
Além de seus numerosos livros de FC e fantasia, Avram Davidson (1923-1993) tem uma excelente série de contos com uma espécie de detetive, Dr. Eszterhazy, que se situam numa nação híbrida conhecida como Scythia-Panonia-Transbalkania, e que guarda todo aquele clima de lampiões a gás, trens, carruagens, arquiduques, intrigas diplomáticas e tecnologia virada-do-século. Ursula LeGuin também produziu sua Ruritânia pessoal com a coletânea Orsinian Tales (1976), situados em Orsinia, também uma nação de perfil austro-húngaro, situada na Europa Central. No universo dos Role-Playing Games (RPGs) temos o exemplo de Castelo Falkenstein, jogo ambientado numa região imaginária nos Alpes da Bavária por volta de 1870.