“Audição, visão e tato / mais olfato e paladar”: são os nossos cinco sentidos, que conhecemos desde a infância. A audição é o mais abrangente deles (a vista alcança mais longe, mas só vemos o que está à nossa frente, e não como ouvimos, em 360 graus à nossa volta). Nosso olfato tem pouca utilidade, e nos serve mais para o prazer do que para o trabalho. A boa cozinha é uma homenagem simultânea ao olfato e ao paladar. O tato é, como os dois anteriores, sujeito à contiguidade física: só funciona ao termos contato físico com o outro objeto. Visão e audição (e olfato, um pouquinho) nos mostram o mundo à nossa volta; tato, paladar e olfato nos dão informações sobre algo físico com que fazemos contato.
Daí que a expressão “sexto sentido” seja tão usada, porque volta e meia estamos percebendo algo, ou tendo a sensação de algo, e não sabemos como encaixar aquilo nesse repertório tão limitado. Li agora um oportuno post de Mark Lorch (aqui: http://tinyurl.com/kn2ghdv) sobre noções científicas superficiais que aprendemos na escola e nunca mais nos livramos. Uma delas, diz ele, é essa limitação de “cinco sentidos”. Na verdade, temos mais do que isso.
Sentimos o movimento com acelerômetros localizados no vestíbulo, uma região do ouvido interno. Nosso sentido de equilíbrio se deve ao movimento de fluidos através de canais muito finos, também nos ouvidos: se você ficar tonto, vai sentir um perturbação desse sentido, que usamos o tempo inteiro. O autor também diz: “Quando prendemos a respiração, sentimos nosso sangue se tornando mais ácido à medida que o dióxido de carbono se dissolve nele formando o gás carbônico”. Bem, eu nunca senti isso, mas quem sou eu para questionar os sentidos alheios; vai ver que sou daltônico nesse aspecto.
Lorch argumenta: “Não estou sugerindo que comecemos a ensinar a crianças de seis anos coisas estudadas em laboratórios ganhadores do Nobel, nem que o currículo deles seja soterrado de detalhes a respeito de dezenas de sentidos. Mas podíamos parar de contar lorotas. Podíamos dizer, por exemplo, numa aula de biologia: Nós temos muitos sentidos, e estes aqui são os cinco que vamos estudar.”